O Alferes Olímpio Noronha
Autoria: João do Rio Verde.
Publicado na Folha Nova, nº 1.341,
em 6 de Setembro de 1942.
Na minha última viagem a Minas, assisti, entristecido, a um chocante diálogo travado entre dois indivíduos metidos a engraçados, mas que, na verdade, não passam de pobres ignorantes, dignos até de compaixão.
O fato deu-se na antiga Parada de Santa Catarina, hoje Estação de Olímpio Noronha. Vale a pena narrá-lo nestas horas em que uma chama ardente de incontido patriotismo inflama o coração do povo brasileiro.
– Quem teria sido este tal de Noronha que tem o nome no frontispício desta estação? – perguntou um dos passageiros ao companheiro de viagem.
– Certamente algum “tabaréu” que, ao morrer, deixou várias léguas de terras e um cofre com alguma fortuna amealhada – respondeu o outro em tom jocoso.
Ocorre-me, pois, reviver pelas colunas da nossa querida Folha Nova a figura varonil de Olímpio Noronha, esse mineiro simples, mas cuja vida cheia de um claro patriotismo, demonstra que outrora, como nos dias que correm, a alma brasileira já se sentia profundamente revoltada ao saber que fora agredida a soberania desse majestoso país, em cujo solo bendito vive um povo sobremodo altivo, cioso dos seus sagrados ideais democráticos de liberdade.
Olímpio Noronha não foi tão só o bom cidadão que, durante muitos anos, viveu naquela risonha paragem, cujo povoado hoje lembra o seu nome.
Não foi ele apenas um dos novos bandeirantes da terra mineira, desbravando matas virgens e plantando povoações.
Não foi somente o coração bondoso e franco que vislumbrava em cada pessoa um amigo e em cada amigo uma alma sincera.
Olímpio Noronha foi muito mais ainda.
Foi um grande filho de Minas Gerais que, no verdor dos anos, atendeu ao apelo da Pátria, incorporando-se espontaneamente às fileiras do Exército Imperial, afim de defender nos pampas sulinos a integridade do Brasil.
Foi aquele jovem que, por amor à liberdade da terra em que nasceu, vilmente ultrajada pelo estrangeiro audacioso, trocou a quietação bucólica do rincão natalício pela luta tremenda que se travava nas fronteiras inóspitas do Paraguai.
Foi o sincero patriota que, por vários vezes, derramou o seu sangue em prol da soberania desta gloriosa Nação Brasileira, recusando sempre abandonar o campo da luta, onde permaneceu por 4 anos, não se acorvadando jamais ante ao sibilar das balas e o troar dos canhões.
Foi o verdadeiro herói que, baleado gravemente e esvaindo-se em sangue, com profundo ferimento no peito, em delírio, numa magnífica visão, enxergava o Exército Imperial numa marcha triunfal, entoando as canções da vitória e saudando a Pátria livre e respeitada.
Foi o garboso soldado voluntário que pelejou sob o comando de Caxias, essa figura empolgante e gloriosa de militar e de estadista, legítimo símbolo da nacionalidade, cujo nome abençoado refulge nas páginas épicas da História deste continente americano.
Olímpio Noronha foi, enfim, o modesto, porém grande brasileiro que, ao morrer, deixou um cofre onde se achava uma imensa fortuna: as suas divisas de alferes e as condecorações conquistadas digna e nobremente no campo de batalha, aos acordes do Hino Nacional, à sombra da gloriosa bandeira da Pátria querida.
João do Rio Verde
Silvestre Ferraz, Setembro de 1942
Comentários: 4
Reproduzo artigo publicado pelo colega Efemérides Cristinenses, que corrobora informações deste artigo de autoria de João do Rio Verde:
Fico feliz em ver reproduzido o texto do “Decreto 1801, de 09 de agosto de 1870” que faz referência a OLYMPIO LUIZ GONÇALVES DE NORONHA. Realmente é uma informação histórica importante.
Estou à disposição para quaisquer informações.
Prazer em tê-lo como amigo.
Joseph, O Cristinense.
Sou bisneta de Olimpio Noronha, com orgulho!!
Eu sempre li sobre a historia do nosso Brasil e tinha conhecimento do grande alferes Olímpio Luiz Gonçalves Noronha.
Entretanto não sabia que a ele, honrosamente, foi dado o nome desse belo município, no qual tenho orgulho de fazer parte através da minha loja ZL Eletromóveis.
Abraço fraterno a todos os descendentes desse grande patriota brasileiro.
Zezé Dulino.